quarta-feira, 30 de março de 2011

Nino de Braçanã e o Trio Paranoá


Gostei do humor de Nino de Braçanã e o Trio Paranoá... em especial a música "Foguete Baiano". Sem brincadeira o ritmo e a melodia me lembraram bastante uma música do Tchan! (grupo musical brasileiro de Pagode baiano, que se tornou muito popular na segunda metade da década de 1990).



Foguete Baiano, gravado em 1968, traz Nino de Braçanã, cantor nordestino, que morou em Brasília, acompanhado Trio Paranoá. Diz a lenda que eles se conheceram em um parque de diversões...



O Trio Paranoá (Paranoá - bairro de Brasília -DF) de reconhecida importância para o forró candango, ao que parece, foi o primeiro trio da capital. Nino e o Trio Paranoá trabalharam na Rádio Nacional de Brasília, tocando e apresentando o programa Brasília canta para o Brasil (nome do outro disco gravado pelo Trio Paranoá).

O disco Foguete Baiano mostra que o forró em Brasília começou muito bem... Tem até uma música em homenagem à Cidade Livre, chamada Cidade Mãe (faixa 4 do lado B): Bandeirante, cidade pioneira / De Brasília, é a primeira / Cidade mãe da construção / É o orgulho da nossa nação / Quando a história se escrever / Cidade Livre será museu / Pra nossos filhos ver / Foi ali que Brasília nasceu.

A Cidade Livre foi criada antes da construção de Brasília, como parte das obras de infra-estrutura necessárias à construção de Brasília. A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) abriu, no fim de 1956, as principais avenidas do Núcleo Bandeirante, mais tarde conhecido como Cidade Livre... Mas como não havia habitações para todos os migrantes, a Cidade Livre sofreu invasões, e, em 1960, tinha 12.000 habitantes. Eram, principalmente, os pioneiros candangos que trabalhavam na construção da cidade; e, portanto, em sua maioria nordestinos.

Eles trouxeram, junto com a força de trabalho, o conhecimento da música nordestina e o gosto pela sua cultura. Por isso, a Cidade Livre é o berço do forró candango, local onde se formaram e se apresentaram os primeiros grupos, uma história que sem dúvida, merece ser estudada e contada em mais detalhes.

No disco Foguete Baiano Nino de Braçanã, que nasceu em Monteiro, aparece tocando acompanhado de seu Trio Paranoá. O Trio Paranoá é um trio onde os integrantes se conheceram num parque de diversão em Brasilia. O disco foi produzido por Venâncio (da dupla Venâncio e Curumbá), produtor, compositor e cantor. De Venâncio são sucessos, como: “Mata sete” e “Último pau de arara”.

O lado A traz uma curiosidade a música "A Volta do Mata Sete", Xotis de Fernando Silva-Cosme do Amaral.  “A volta do mata sete”, relembra o enredo da música ‘Mata Sete’, composição de Zito Borborema, interpretada por Anastácia e outros artistas. O interessante é que para música "Mata Sete" já havia  a música-resposta: “A resposta do mata sete”, de Antonio Barros, gravada por Genival Lacerda.

Mata Sete
Composição: Zito Borborema

Os moradores do engenho Mané Pedro
Quase que morrem de medo
Quando ouviu falar
Que um tal de Mata Sete fugiu da cadeia
A coisa tava feia naquele lugar

Foram chamar o Simeão
Inspetor de quarteirão
Bicho macho pra brigar
Aí fizeram uma tocaia pra pegar
O Mata Sete se viesse no engenho perturbar
Aí fizeram uma tocaia pra pegar
O Mata Sete se viesse no engenho perturbar

Mas o negócio é que o Mata Sete
Era de jogar confete,
De fritar bolinho
Falava mansinho
Não era de nada
Fugia da parada
Até com um sozinho

O inspetor correu forte pra o engenho
Com todo seu empenho
Pra Mata Sete pegar
O Mata Sete quando viu o inspetor
Falou fino, suspirou e
Desapareceu de lá

"A resposta do mata sete”
de Antonio Barros

Cabra da peste você tenha mais cuidado
Quando abrir a boca pra falar demais
Sou o mata sete na peixeira sou ligeiro
Vim pro Rio de Janeiro pra tira-lo de cartaz

Pode falar com seu Simeão
Que é metido a valentão
pra matar sete e pegar
Pode ajuntar o Engenho Mané Pedro
Que não tenho medo
To disposto pra brigar

Você diz que eu não sou de nada
Que sou de jogar confete e de fritar bolinho
Agora vai dizer que o negoócio não tá bom
Vai mudar de tom e vai falar fininho
Depois eu vou pro Engenho Mané Pedro
Que não tenho medo e vou brigar sozinho

No lado B além do baião, marcha, xotis, côco, arrasta-pé... também está presente o rojão, ou seja a música “Uma prece para os homens sem Deus”, linda música de Gordurinha.
Nino e Trio Paranoá - Prece Para Homens Sem Deus (Gordurinha)



Lado 1

  • 1- Foguete Baiano – Rojão (Aurino Santana da Silva )

  • 2- Sombra do cajueiro – Côco (Nino de Braçanã – Antônio Bispo)
  • 3- A volta do mata-sete – Xotis (Fernando Silva-Cosme do Amaral)
  • 4- Saudades de Belém-Rojão (Fernando Silva )

  • 5- Mariazinha – Côco (Paulo Gitirana-Josilima-Pechincha)
  • 6- Terreiro de fulô – Arrasta-pé (Paulo Gitirana-Josilima)
Lado 2

  • 1- Zé modesto – Baião (Miudinho)
  • 2- Progresso da Bahia – Côco (Raimundo Dantas)
  • 3- Noite de São João – Marcha (Bruno Linhares)
  • 4- Cidade mãe – Samba (Vira-vira/Antônio Soares)
  • 5- Uma prece para os homens sem Deus – Rojão (Gordurinha)
  • 6- Pagode alagoano – Pagode (Januário-Venâncio)

FONTE

Acervo Origens

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