segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Silvio Caldas



Cantor moderno, Silvio privilegiava a pronuncia das palavras, cantando de uma maneira coloquial, aliando técnica e sensibilidade. Dono de timbre inconfundível, que lhe valeu a fama de grande seresteiro, Silvio Caldas é conhecido também por alcunhas carinhosas, como: Caboclinho querido, A voz morena da cidade ou Titio. Carioca do bairro de São Cristóvão, teve contato com a música desde a infância, pois o pai era dono de uma loja de instrumentos musicais e atuava amadoramente como compositor de valsas, foxes, sambas e schottischs.

Sílvio Antônio Narciso de Figueiredo Caldas (Rio de Janeiro, 23 de maio de 1908 — Atibaia, 3 de fevereiro de 1998) foi um cantor e compositor brasileiro. Nascido em São Cristóvão, Silvio Caldas, teve sua infância cercada de ritmos musicais.

Sílvio Caldas pertenceu a uma família de músicos. Sua mãe cantava, e seu pai era afinador de pianos e compositor. Sem negar os dotes da família, aos cinco anos fez sua primeira apresentação pública, cantando uma música brejeira no Teatro Fênix.

Aos 5 anos o pequeno Silvio já se apresentava em teatros como cantor. Também era destaque do bloco de carnaval de que sua família participava.

Aos 16 anos foi para São Paulo trabalhar como mecânico de automóveis. Três anos depois voltou ao Rio, e por meio de contatos foi levado para a Rádio Mayrink Veiga pelo cantor Antônio Santos, o Milonguita.


Começou a carreira profissional em 1927, ano em que levado por Máximo de Albuquerque, fez um teste na Rádio Mayrink Veiga onde começou a atuar. Silvio Caldas trabalhava como mecânico, quando foi levado a Rádio. Dois anos mais tarde, passou a cantar na Rádio Sociedade.

O ano de 1930 reservaria muitas surpresas para Silvio Caldas. Em fevereiro gravou "Tracuá me ferrô", em dueto com Breno Ferreira, pela gravadora Victor. Foi também nesse período que atuou na revista Brasil do amor e lançou 19 discos pela Victor, com 32 músicas.

Silvio Caldas se transformaria, ao lado de Orlando Silva, Francisco Alves e Carlos Galhardo, um dos cantores de maior sucesso da chamada época de ouro da MPB. Foi levado por Ary Barroso para o Teatro Recreio, onde lançou seu primeiro sucesso, "Faceira" (Ary Barroso). Desde então, consagrou-se como um dos maiores cantores brasileiros.


Nessa década dedicou-se principalmente ao samba e a gravação de marchinhas. "Maria" e "Segura esta mulher" ficaram famosas e tornaram Sílvio Caldas conhecido como o intérprete de Ary Barroso.

A partir de 1934, por meio da parceria com Orestes Barbosa, demonstra seu talento para a seresta, gênero que o promoveria por todo o Brasil.

Em 1937 lançou dois de seus grandes sucessos, "Chão de Estrelas" (c/ O. Barbosa) e "Meu Limão Meu Limoeiro" (tema popular com arranjo de José Carlos Burle), em dueto com Gidinho. Chão de estrelas (1937), em parceria com Orestes Barbosa, foi um de seus maiores êxitos, tornando-se obrigatória nas rodas de seresteiros.

No ano seguinte foi eleito Cidadão Samba ao cantar a música "Pastorinhas", de Noel Rosa e João de Barro.


Durante a década de 30, Silvio Caldas cantou em praticamente todas as emissoras de rádio do Rio. Gravou também muitas canções como "Na aldeia", "Boneca", "O telefone do amor", "Por causa dessa cabocla" e "Inquietação".

Gravou "Mulher", de Custódio Mesquita e Sadi Cabral, em 1940. Dali a dois anos faria a regravação do clássico "Aquarela do Brasil" e "Na baixa do sapateiro", ambos de Ary Barroso.

Em 1943, fez a primeira gravação da gravadora Continental com "Mágoas de um trovador".

Em meados da década de 40 participou de filmes nacionais como "Tristezas não pagam dívidas" e "Luz dos meus olhos", ambos de José Carlos Burle, e "Não adianta chorar", de Watson Macedo.




Assinou contrato com a gravadora Colúmbia em 1954 e lançou as canções "Poema dos olhos da amada" e "São Francisco", de Vinicius de Moraes e Paulo Soledade, e os sambas "Você não veio", "Perdoa Senhor" e "Vivo em paz", de sua autoria.

Lançou seis LPs entre as décadas de 1950 e 1960. Em 1968, o disco "Isto é São Paulo" trouxe 11 composições de Lauro Miller sobre a cidade. "Ipiranga", "Freguesia do Ó" e "São Paulo antigo" foram algumas das faixas que musicaram os bairros paulistanos e seus encantos.

Outras canções que viraram sucesso na voz de Silvio Caldas foram "Minha Palhoça" (J. Cascata), "Um Caboclo Abandonado" (B. Lacerda/ H. Martins), "Arranha-céu" (c/ O. Barbosa), "Da Cor do Pecado" (Bororó), "Mulher" (C. Mesquita/ S. Cabral), "Serenata" (outra parceria com Orestes), "Chuva Miúda" (com Frazão), "Foi Ela" (Ary Barroso), "Até Amanhã" (Noel Rosa), "Jangada" (Hervê Cordovil/ Vicente Leporace), "A Jardineira" (Benedito Lacerda/ Humberto Porto), "Faceira" (Ary Barroso).

No final da década de 60 Silvio Caldas se afastou da vida pública, recolheu-se a um sítio em Atibaia (SP) e diminuiu seu ritmo de apresentações, o que lhe valeu o apelido de "cantor das despedidas", de tantas vezes que anunciou seu retiro artístico.

Motivos para retorno e recomeçar em sua vida, não faltaram. Um de seus registros mais importantes foram os dois LPs "Silvio Caldas ao vivo - Histórias da MPB", gravado em 1973. Em mais de 50 músicas gravada contou a história da música popular, interpretando obras de diversos compositores, como Dorival Caymmi, Lamartine Babo, Noel Rosa e Ary Barroso.





Silvio Caldas casou-se pela segunda vez aos 56 anos. Em 1974, seu filho de nove anos morreu atropelado. Para Silvio, o acidente era "vontade de Deus". Dois anos depois, com quase 70, teve outro filho.

Em 1995 participou do CD "Songbook Ary Barroso", cantando "Quando Eu Penso na Bahia" em dueto com Aurora Miranda.

Silvio Caldas morreu aos 89 anos, em 3 de fevereiro de 1998, na cidade de Atibaia. O compositor foi sepultado no cemitério Parque das Flores. O motivo do falecimento foi parada cardiorrespiratória em função de uma anemia profunda. Cerca de um ano antes de sua morte, Caldas já sofria de anorexia.

Curiosidades

Profissão - A primeira apresentação de Silvio Caldas foi aos cinco anos. Aos seis, começou a cantar na "Casa dos Bigodinhos", um clube que sediava saraus na época. Aos nove anos começou a trabalhar como aprendiz de mecânico e tornou-se conhecedor da profissão.

Mais um - Certa vez, quando cantou "Faceira", de Ary Barroso, em uma apresentação no teatro Recreio, no centro do Rio, agradou tanto a plateia que foi aplaudido de pé. Teve que cantar o samba oito vezes.

Dívidas - Quando morreu, aos 89 anos, deixou uma dívida de R$295 mil junto à Caixa Econômica Federal por conta da hipoteca do sítio em que morava, que o compositor não tinha como pagar. Sua mulher explicou à Folha que a dívida inicial, em 1983, era de R$ 44 mil. "O resto são juros acumulados nesses anos todos, mudança de moeda", disse.

Sonoridade - O título original de "Chão de estrelas" era "Sonoridade que acabou". A mudança foi uma sugestão do poeta paulista Guilherme de Almeida. A princípio, Orestes Brabosa, que compôs a canção com Caldas, não queria que a música fosse gravada. A música se tornou sucesso nacional quando foi gravada pela segunda vez, na década de 1950.

Violeiro - Silvio Caldas era amigo de Alcebíades Monjardim, o pai da cantora Maysa. Foi ele quem a ensinou a tocar violão. Ambos brigaram porque Silvio achava loucura Alcebíades permitir que a filha ingressasse na carreira artística.



Sucessos

As Pastorinhas, João de Barro e Noel Rosa (1938)
Acorda, Escola de Samba, Benedito Lacerda e Herivelto Martins (1935)
Boneca, Aldo Cabral e Benedito Lacerda (1934)
Chão de Estrelas, de sua autoria c/Orestes Barbosa (1937)
Como os Rios Que Correm pro Mar, Custódio Mesquita e Evaldo Ruy (1943)
Da Cor do Pecado, Bororó (1939)
Deusa da Minha Rua, Jorge Faraj e Newton Teixeira (1939)
Faceira, Ari Barroso (1931)
Florisbela, Frazão e Nássara (1939)
Inquietação, Ari Barroso (1934)
Lenço no Pescoço, Wilson Batista (1933)
Maria, Ari Barroso e Luiz Peixoto (1939)
Mimi, Uriel Lourival (1933)
Minha Casa, Joubert de Carvalho (1946)
Minha Palhoça, J. Cascata (1935)
Modinha, Jaime Ovalle e Manuel Bandeira (1943)
Morena Boca de Ouro, Ari Barroso (1940)
Mulher, Custódio Mesquita e Sadi Cabral (1940)
Na Aldeia, de sua autoria c/Caruzinho e De Chocolat (1933)
Na Baixa do Sapateiro, Ari Barroso (1939)
O Telefone do Amor, Benedito Lacerda e Jorge Faraj (1934)
Obrigado, Doutor, Nássara e Roberto Martins, c/acompanhamento da Orquestra Tabajara (1950)
Por Causa dessa Cabocla, Ari Barroso e Luiz Peixoto (1934)
Professora, Benedito Lacerda e Jorge Faraj (1938)
Quando Eu Penso na Bahia, Ari Barroso e Luiz Peixoto, duo c/Carmen Miranda (1938)
Segura Esta Mulher, Ari Barroso (1933)
Serenata, de sua autoria c/Orestes Barbosa (1934)
Três Lágrimas, Ari Barroso (1940)
Velho Realejo, Custódio Mesquita e Sadi Cabral (1940)


FONTE




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