quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Taiguara


Filho de Ubirajara, que tocou *bandoneón em vários de seus discos, e de Olga, que havia sido cantora. Seu avô, Glaciliano Correia da Silva, foi parceiro em algumas canções. Taiguara Chalar da Silva (Montevidéu, 9 de outubro de 1945 - São Paulo, 14 de fevereiro de 1996) foi um cantor e compositor Brasileiro, embora nascido no Uruguai durante uma temporada de shows de seu pai, o Bandoneonista e Maestro Ubirajara Silva.

Aos oito anos, ganhou um piano do avô e começou a compor aos 10. Ainda menino, incorporou diversos ritmos como a guarânia paraguaia, o samba, a bossa nova e o pop-rock. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1949 e para São Paulo, posteriormente, em 1960.

Começou a cantar na noite aos 18 anos, quando foi contratado pela PolyGram, gravando seu primeiro LP dois anos depois.

Taiguara largou a faculdade de Direito para se dedicar à música. Participou de vários festivais e programas da TV. Fez bastante sucesso nas décadas de 60 e 70.

Em 1964, teve a oportunidade de mostrar seu trabalho no Juão Sebastião Bar, (SP), onde toda quarta-feira a já veterana Claudette Soares abria espaço para músicos então iniciantes, como César Camargo Mariano, Toquinho e Chico Buarque.

O contato com Claudette transformou-se em amizade e, em 1967, os dois juntaram-se ao Jongo Trio e apresentaram o show "Primeiro tempo: 5 x 0", dirigido pela dupla Miéle e Bôscoli, no Rio. O espetáculo ficou em cartaz durante um ano, na Boate Rui Bar Bossa. Depois, o mesmo show foi adaptado para uma versão pocket para o Teatro Princesa Isabel, permanecendo durante dois anos em cartaz. Foi esse espetáculo que compôs "Hoje", um de seus maiores sucessos. O show foi gravado ao vivo pela Philips, em 1966, e hoje se transformou em peça rara de colecionador.

Participou, em 1966, da trilha sonora do filme "Crônica da cidade amada", de Carlos Hugo Christiensen, lançada pela Philips.

Em 1967, atuou no show "Farenheit", ao lado de Eliana Pittman, Cipó, Dori Caymmi e Luiz Eça. Oespetáculo foi gravado em disco pela Odeon.

Autor de vários clássicos da MPB, como Hoje, Universo do teu corpo, Piano e viola, Amanda, Tributo a Jacob do Bandolim, Viagem, Berço de Marcela, Teu sonho não acabou, Geração 70 e "Que as Crianças Cantem Livres"; entre outros.

Que As Crianças Cantem Livres (Taiguara)

O tempo passa e atravessa as avenidas
E o fruto cresce, pesa e enverga o velho pé
E o vento forte quebra as telhas e vidraças
E o livro sábio deixa em branco o que não é

Pode não ser essa mulher o que te falta
Pode não ser esse calor o que faz mal
Pode não ser essa gravata o que sufoca
Ou essa falta de dinheiro que é fatal

Vê como um fogo brando funde um ferro duro
Vê como o asfalto é teu jardim se você crê
Que há sol nascente avermelhando o céu escuro
Chamando os homens pro seu tempo de viver

E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem o sonho ao que não pode amar sem dor
E que o passado abra os presentes pro futuro
Que não dormiu e preparou
O amanhecer
O amanhecer
O amanhecer...

Versátil, capaz de navegar por mares de diversos gêneros musicais, postou-se contra a repressão artística imposta pela ditadura militar. Em 1971, as canções do LP "Ilha" chamaram a atenção da censura. Dois anos depois, teve 11 músicas proibidas.

Considerado um dos símbolos da resistência à censura durante a ditadura militar brasileira, Taiguara foi um dos compositores mais censurados na historia da MPB, tendo cerca de 100 canções vetadas. Os problemas com a censura eventualmente levaram Taiguara a se auto-exilar na Inglaterra em meados de 1973. Em Londres, estudou no Guildhall School of Music and Drama e gravou o Let the Children Hear the Music, que nunca chegou ao mercado, tornando-se o primeiro disco estrangeiro de um brasileiro censurado no Brasil.


Em 1975, voltou ao Brasil e gravou o Imyra, Tayra, Ipy - Taiguara com Hermeto Paschoal, participação de músicos como Wagner Tiso, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Jacques Morelenbaum, Novelli, Zé Eduardo Nazário, Ubirajara Silva e uma orquestra sinfônica de 80 músicos.

O espetáculo de lançamento do disco foi cancelado e todas as cópias foram recolhidas pela ditadura militar em poucos dias. Em seguida, Taiguara partiu para um segundo auto-exílio que o levaria à África e à Europa por vários anos.

Entre 1968 a 1975, suas músicas eram freqüentes nas rádios, com destaque para "Universo no teu corpo", "Hoje", "Viagem" e "Teu sonho não acabou".


Ainda na década de 1970, viveu na Inglaterra, França, Tanzânia e Etiópia. Estudou regência em Londres, onde gravou o LP "Let the children hear the music", em inglês. O disco foi proibido de ser lançado, pela EMI, por decisão da Polícia Federal brasileira. O compositor recorreu ao Conselho Superior de Censura, em 1982, por sugestão de seu amigo pessoal, o crítico Ricardo Cravo Albin, que então defendia os autores de rádio, TV e MPB naquele Conselho.

O parecer de Albin acabou por ser aprovado pela unanimidade do plenário do Conselho, liberando-se imediatamente o disco.Quando finalmente voltou a cantar no Brasil, em meados dos anos 80, não obteve mais o grande sucesso de outros tempos, muito embora suas músicas de maior êxito tenham continuado a serem relembradas em flashbacks das rádios AM e FM.

Nos anos 1980, aprofundou-se nas pesquisas das sonoridades africanas e paraguaias, que resultaram no disco "Brasil Afri".

Em 1990, seu último show, montado no Teatro João Caetano, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin, e gravado pela TV Manchete, teve repercussão nacional.


Em 1994, passou alguns meses em Nova York. Faleceu de câncer na bexiga no dia 14 de fevereiro de 1996, quando preparava o repertório do disco seguinte, que seria de sambas que falavam sobre pobreza e alegria de viver nos morros cariocas. Em maio desse mesmo ano, a amiga e intérprete favorita de suas canções, Claudette Soares, homenageou o compositor com um show no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Constam da relação dos intérpretes de suas canções Emílio Santiago, Pery Ribeiro, Angela Maria, Claudia, Evinha, Agnaldo Timóteo, Célia, Orlando Silva, Roupa Nova e Erasmo Carlos, entre outros.

Faleceu em 1996 devido a um persistente câncer na bexiga.

Imagine - Taiguara 

CURIOSIDADES

*Taiguara viveu 50 anos para cantar o amor e a liberdade. Agora, a internet faz isso por ele. É na rede mundial que sua música sensível e vigorosa, gravada entre 1965 e 1994, ressurge com força.

Nesse mar de possibilidades também navega a filha Imyra (árvore, em tupi guarani). Ela usa o mundo virtual para levar adiante uma campanha de repatriamento do raríssimo disco “Imyra, Tayra, Ipy” (espécie de mantra tupi), gravado por mais de 80 músicos.

Recém-chegado às lojas em 1976, o álbum acabou recolhido 72 horas depois pela censura da época. O show de lançamento, marcado para 1° de maio daquele ano, em Porto Alegre (RS), também precisou ser cancelado às pressas.

Para saber mais, acesse:

http://www.imyra-tayra-ipy-taiguara.com/


Apoio de Lenine

O que Imyra quer é que o disco – disponível em CD na Europa e Japão (e por R$ 499 em importadores) – seja finalmente relançado em mídia digital no país onde foi concebido por Taiguara à frente de um time de craques na plenitude criativa, como Hermeto Paschoal, Wagner Tiso, Jacques Morelembaum e Toninho Horta.

“É um patrimônio dos brasileiros”, defende Imyra que, hoje, divide sua vida entre Brasil e Estados Unidos.

O cantor e compositor pernambucano Lenine, que tem o álbum em vinil, concorda. “Para mim, foi uma influência definitiva. A possibilidade de descobrir um novo tipo de música, ousada e surpreendente.”


Verdade e maestria

O You Tube também vai sendo alimentado com parte da obra de Taiguara. Trechos mais comuns são de um especial da Band gravado em 1987, no Ginásio do Anhembi, em São Paulo, e de um antigo programa “Ensaio”, da TV Cultura.

Comunidades em redes sociais, como o Orkut, focam o cantor. Em uma delas, enquete tenta defini-lo em uma palavra. “Verdade”, “força”, “coragem” e “maestria” são algumas das mais empregadas.

Criada por Taiguara desde a infância, a produtora cultural carioca Moína Lima se anima com a rede. “Espero que as novas gerações conheçam o trabalho dele. É muito inspirador porque transborda decência, coerência e beleza.”

Fora do mundo virtual, o autor de “Hoje” e “Universo no Teu Corpo” dá nome a instituição que acolhe 70 meninos e meninas de rua de São Paulo – Casas Taiguara, aberta em 1996 por amigo do cantor com apoio da radialista Ana Lasevicius, viúva – e a um colégio em Santa Teresa, bairro do Rio onde viveu a maior parte do tempo.

França, Tanzânia, Cuba

Nascido no Uruguai em 9 de outubro de 1945 durante turnê do pai, que é músico, Taiguara também morou em Porto Alegre e São Paulo – e, no auto-exílio, Inglaterra, França, Tanzânia, Etiópia...

Em Cuba, travou luta particular contra o câncer na bexiga. Resistiu até 14 de fevereiro de 1996. “Manteve a esperança até o fim”, lembra Ana Lasevicius. Ela crê que, um dia, a obra completa – 14 álbuns das fases romântica e politizada – será relançada. Hoje, poucos estão em CD. “Vão olhar para a música brasileira e dizer: ‘Peraí, falta isso aqui para fechar essa história.”. Falta Taiguara.

Veja depoimentos:

‘É exemplo de algo que eu gostaria de ter sido. É um crime suas lindas canções ficarem na gaveta das gravadoras’. Guilherme Arantes

‘Foi o maior vendedor de discos da Odeon até ser boicotado. Um gênio. Nunca surgiu ninguém como ele’. Beth Carvalho

‘Taiguara, infelizmente pouco lembrado, foi um dos compositores e cantores que marcou toda uma geração’. Ivan Lins

‘Um poeta que soube cantar a dor, o inconformismo e o amor. Seu canto e sua vida se misturam’. Zé Geraldo

*Baldoneón


O bandoneón é um instrumento musical de palhetas livres, semelhante a uma concertina, utilizado principalmente na Argentina, onde é o principal instrumento da orquestra de tango. O executante do bandoneón é chamado de bandoneonista.

O bandoneón foi inventado pelo músico alemão Heinrich Band (1821-1860). O nome original alemão bandonion refere-se ao sobrenome de Band. Foi criado para ser usado na música religiosa e na música popular alemã, em contraste à concertina, que era considerada um instrumento folclórico. Imigrantes alemães levaram, no início do século XX, o bandoneón para a Argentina, onde ele foi incorporado à música local .

O bandoneón produz o som a partir da vibração de palhetas de aço rebitadas em chapas de metal que podem ser zinco ou alumínio. Na execução do tango é preferível o instrumento com chapas de zinco pelo peso, que permite versatilidade no staccato típico da marcação do tango, bem como pela doçura tímbrica.

O Brasil teve sua própria fábrica de bandoneões, a Danielson & Goettems, de Santa Rosa - RS. Esta fábrica produziu bandoneões desde meados da década de 50 até começos dos anos 80. Reabrindo posteriormente e fechando definitivamente nos anos 90. Todos os seus modelos são Reinische tonlage, de 71 ou 76 botões, sempre com chapas de alumínio e revestimento de celuloide (salvo raríssimas exceções), por vezes ornamentado com flores. Estes bandoneões não são apropriados para a execução do tango pois seu timbre é muito estridente se comparado aos bandoneões alemães. Mais bem servem para o chamamé ou a música alemã. São instrumentos bastante resistentes e mais novos que os bons instrumentos alemães...

FONTE

Wikipédia

Dicionário Cravo Albin

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