sábado, 1 de janeiro de 2011

Celia e Celma


Diário da Música: Celia e Celma Sempre com um repertório rico em elementos da raiz cultural brasileira, Célia e Celma são referência na seara regional. Com diversificada formação artística (Música, Arte Dramática e Artes Plásticas), a dupla está em permanente evidência no cenário artístico nacional, diversificando sua atuação como cantoras, apresentadoras de TV, pesquisadoras e divulgadoras de arte regional e folclore, tendo lançado no mercado nacional discos, CDs e livros.

Em novembro de 2009, foram a Cuba onde apresentaram-se para professores, alunos e colaboradores da Universidade Camilo Cienfuegos, na província de Matanzas. O tema da conferência foi “A música em Minas Gerais: Do Barroco a Ary Barroso.

E voltaram animadas para reviver as tradicionais marchinhas nos festejos carnavalescos de 2010. Fizeram shows em unidades do Sesc, encerrando com uma apresentação no encerramento oficial do Carnaval da cidade histórica de São João Del Rey (M.G.).

As gêmeas mineiras Celia e Celma resgatam pérolas musicais do ritual católico

Talvez tenha sido a infância passada em Ubá, na Zona da Mata mineira, onde as gêmeas cresceram na vizinhança de duas igrejas, assistindo à missa todos os domingos e cantando no coro. Com certeza, isso contribuiu para que a dupla Celia e Celma, tantos anos depois, lançasse um CD tão bonito como Lembrai-vos das procissões e devoções de Minas, que chegará ao público em meados de janeiro.

Produzido pelo cantor e compositor Rubinho do Vale, com arranjos e direção musical assinados pelo maestro Geraldo Vianna, o disco foi gravado nos estúdios da Bemol, em Belo Horizonte. O repertório reúne belezas do cancioneiro católico. São Tomás de Aquino, Franz Josef Haydn, Johann Baptiste Lehmann (padre alemão que viveu em Juiz de Fora) e Lamartine Babo são alguns dos autores de clássicos que, na voz de Celia e Celma, tocam o coração.

A parceria das irmãs começou aos 5 anos. O pai, Celidonio Mazzei, as levava, de vestidos iguais, para se apresentar em rádios, circos e igrejas de Ubá, conta Celia. O novo trabalho não foge à linha que rege a conduta da dupla: deixar registradas as significativas influências culturais que contribuíram para a formação das cantoras e compositoras mineiras.

“Dessas influências faz parte o canto religioso. A paisagem que rodeava a casa onde nascemos era uma pracinha bucólica, de casas baixas e sobrados, tendo à direita a igrejinha de São José. O toque do sino nos chamava para a missa, para a festa de Corpus Christi, para ver os meninos oferecerem lírios ao santo pai de Jesus”, conta Celia, não sem uma pontinha de delicada nostalgia.

Alguns anos depois, já adolescentes, as irmãs foram estudar no Colégio Sacré Coeur de Marie, lá mesmo em Ubá. Normalistas, cantavam em todas as solenidades como integrantes do coral. “Tivemos forte formação religiosa, como praticamente todas as meninas que viveram em Minas no nosso tempo e antes dele. Toda essa formação, com certeza, influiu muito no disco Lembrai-vos... Muitas daquelas músicas que gravamos já eram cantadas quando éramos crianças e adolescentes”, diz Celia.

Tempos depois, quando decidiram ser artistas, as gêmeas se mandaram para o Rio de Janeiro. Prestaram vestibular no Instituto Villa Lobos e lá se formaram em música. Foram alunas do folclorista Edison Carneiro, do regente de corais Jaceguay Lins, do compositor Dalton Vogeler e do maestro Reginaldo Carvalho, entre outros.


As primeiras gravações das irmãs, “ainda na era dos LPs”, conta Celia, ocorreram nos anos 1970, com A Turma da Pesada, grupo formado por Carlos Imperial. Depois vieram dois compactos com repertório de música regional. Ainda na era do vinil, as gêmeas participaram da trilha sonora de Ana Raio e Zé Trovão – inclusive, atuaram como atrizes, interpretando a dupla Luminada e Luminosa. Atualmente, a novela é reprisada pelo SBT/Alterosa, às 22h30.


Depois vieram os CDs. “Temos dois de música genuinamente caipira: Na cozinha caipira de Celia e Celma e Caipirante. Outro álbum, Brasil na mesma toada, reúne autores como Francisco Alves, Raul Seixas, Ataulfo Alves e Braguinha”, diz Celma.


Um trabalho que deu alegria à dupla foi o CD Ary mineiro. Celia afirma que ele permitiu revelar ao Brasil a alma cabocla do conterrâneo famoso da dupla, Ary Barroso.


As duas também se aventuraram pela “gastronomia artística”: transformaram antigos pratos caseiros em música. O resultado foi o CD Receitas cantadas, acompanhado do livro Do jeitinho de Minas.


Durante 10 anos as irmãs apresentaram o Programa Celia e Celma, no Canal Rural. Yamandu Costa, Renato Teixeira, Dominguinhos e Paulinho Pedra Azul foram alguns dos convidados da atração.


Memórias do Brasil

Deu trabalho definir o repertório de Lembrai-vos das procissões e devoções de Minas.“Foi uma luta para selecionar 15 entre tantas canções que encontramos. Achamos que deveríamos deixar registradas pelo menos algumas, antes que se perdessem de vez para a memória de Minas Gerais e do Brasil”, conta Celia.

“Uma coisa interessante foi que, na busca desses autores, deparamos com um compositor popular, Lamartine Babo. Segundo consta, quando ele estudava no Colégio São Bento, no Rio, escreveu Ó Maria concebida sem pecado, que tivemos a alegria de incluir no repertório. Na época, Lamartine tinha apenas 15 anos”, revela a cantora. “Entretanto, a maioria das músicas, muitas das quais ainda hoje são cantadas em nossas igrejas, é de origem desconhecida”.


Celia e Celma moram em São Paulo; e sempre que podem, voltam à terra natal. Nos últimos tempos com mais freqüência, pois ocorreram em BH as gravações de Lembrai-vos... Em janeiro, a dupla faz show na capital para lançar o disco.

“Costumamos pegar o carro em São Paulo e ir até Minas. Paramos onde temos amigos, onde há manifestações folclóricas e festividades da semana santa, por exemplo. Este ano, com grande alegria, encerramos o carnaval de São João del-Rei cantando marchinhas. Foi tão bom que queremos voltar”, avisa Celma.

CURIOSIDADES

*Celidonio Mazzei, pai de Célia e Celma, antes de se tornar um renomado fotógrafo da região, foi músico; tocava bombardino na banda de rua local.

*Na Rádio Educadora, no programa “A Hora do Guri”, as pequenas cantoras Célia e Celma se tornaram a grande atração, cantando ao vivo os “jingles” do refrigerante local, o "Abacatinho".

*Aos cinco anos de idade, Célia e Celma encararam um público pela primeira vez, em um concurso promovido por um circo armado na cidade. Levaram o primeiro lugar, cantando em dueto - e em italiano - a música "Babbo non vuole". O pai sempre as ensinou canções de sua saudosa Itália.

*Já no início da carreira profissional, as irmãs foram presenteadas trabalharando com nomes como Moacyr Franco, o pianista Luiz Carlos Vinhas e os diretores de shows Miéle e Bôscoli.

* a dupla conheceu o compositor Carlos Imperial, formando com ele, Ângelo Antônio e Gastão Lamounier Neto, o grupo vocal "A Turma da Pesada" - irreverente, alegre, uma revolução de comportamento, que fez um grande sucesso nos anos 70. Junto à cantora Clara Nunes, o grupo venceu o Festival de Música de Juiz de Fora, cantando a música "Mandinga", de Ataulfo Alves e Carlos Imperial.

*As irmãs embarcaram para uma temporada na casa de shows "Saci Pererê", em Tóquio, Japão. Foram seis meses cantando música popular brasileira. A marcha brasileira “Taí”, de Joubert de Carvalho, teve uma versão em japonês, feita especialmente para elas.


*A Obra "Do jeitinho de Minas" revela: as gêmeas na vida e na arte: Célia e Celma. Têm um grande amor pela cultura popular de seu estado natal, Minas Gerais, da qual são verdadeiras guardiãs. A culinária regional - razão deste livro- também é parte integrante de suas vivências e pesquisas.

A criatividade de Celia e Celma pode ser comprovada no CD que acompanha o livro. A música e a culinária, duas de suas paixões, se combinam para dar ritmo às receitas, transformando-as, com todos os ingredientes, ora em xote, em toada, ora em moda de viola. As peças de argila que ilustram este livro, pequenas figuras confeccionadas pelas autoras e inspiradas também na cultura regional, são um outro lado artístico de Celia e Celma.

Informações:
www.gvianna.com.br

FONTE
Hiperssessão
Divirta-seuai

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