quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Britinho


Pianista dos mais respeitados no mundo da música, João Adelino Leal Brito, (5/5/1917 Pelotas, RS - */*/1964 ou 65), o Britinho, participou da gravação do primeiro LP do criador da bossa nova, João Gilberto.

João Adelino Leal Brito, pianista, regente e compositor, começou os estudos em violino aos dez anos e aprofundou os conhecimentos na área musical, por influência dos tios, no Conservatório de Pelotas. Deixou a região sul para substituir o pianista Paulo Coelho na rádio Farroupilha, de Porto Alegre, partindo em 1939 para São Paulo onde trabalhou na boate Tabu.

Em 1942, transferiu-se para o Rio de Janeiro a fim de atuar na orquestra de Fon-Fon. Em 1944, formou seu próprio conjunto. Na primeira metade do século 20 havia uma peculiar característica em relação aos nomes dos músicos mais conhecidos. Muitos utilizavam diversos pseudônimos, João Leal Brito ou Britinho ou Pierre Kolmann ou Franca Villa ou Tito Romero também seguiu essa tendência, sendo conhecido no meio musical por utilizar diversos pseudônimos.

Em 1951, gravou na Todamérica ao piano os choros "Foi sem querer" e "Machucadinho" de sua autoria.

Em 1952, teve gravado o baião "Rosinha", parceria com Fat's Elpídio, por Mesquita e Seu Conjunto. No ano seguinte, Gentil Guedes e Sua Orquestra gravou seu choro "Vê se te agrada", na Sinter.


Em 1953, compôs com Mesquita o baião "Pitu" e o choro "Estela", gravadas por Mesquita e seu Conjunto. No mesmo ano gravou ao piano com Fat's Elpídio o choro "Sururu na Lapa", parceria dos dois.

Em 1956, gravou com seu Conjunto pela Continental os sambas "Nem eu" e "Vatapá", ambos de Dorival Caymmi. No mesmo ano, gravou ao piano pela Sinter os sambas "Feitio de oração" de Noel Rosa e Vadico, "Jura" de Sinhô, e "Implorar" de Kid Pepe e Germano Augusto.


Em 1957, gravou ao piano pela Sinter, o fox-trote "No tempo da jazz-band" e, com seu Conjunto, o bolero "Dolores" de H. Giraud e R. Bravard. No mesmo ano, participou do LP "Tarde dançante nº 2" lançado pela Sinter e que contou ainda com as participações de Pedroca, José Menezes, Irany Pinto, Walter Gonçalves, Silva Leite, Luperce Miranda, Juca do Acordeom e Eduardo Patané. Nesse disco, interpretou ao piano o fox "Moritat", de Kur Weill e Bertolt Brecht.


Com seu conjunto, sua orquestra e coro acompanhou diversas gravações na Sinter, entre as quais, as de Neusa Maria, Carlos Augusto, Marilena Cairo, Trigêmeos Vocalistas, Vanja Orico e Gilda Valença. Nesse período gravou com seu conjunto pela Continental o LP "Sucessos de Dorival Caymmi".

Em 1959, teve o "Choro na gafieira" gravado pelo Conjunto Samba Blue.


Em 1960, gravou na Columbia com seus Ases do Ritmo as rumbas "Mustafá" de domínio público, e arranjos de sua autoria e "Adão e Eva" de Paul Anka. No mesmo ano, teve sua parceria com Fernando César, o bolero "Desencontro", gravado por Antenor Correia na Odeon.

Em 1961, Jorge Goulart gravou "Tu vais passar", tango, Peri Ribeiro o bolero "Noite chuvosa" e Wilson Simonal, "Biquini de borboletas", parcerias com Fernando César.


Em 1962, a Banda do Corpo de Bombeiros gravou de sua parceria com Fernando César, a música "Terezinha de Jesus" e Dalva de Andrade gravou "Não me esqueça", da mesma parceria.

Em 1963, Helena de Lima gravou, de sua parceria com Fernando César, "Nunca te direi" e "Longe de mim".

Em 1964, a mesma Helena de Lima gravou "Ponto e chuva", no ano seguinte, "Ser saudade", em 1966, "Nossa favela" e "Ainda bem" e, em 1975, "Quem viu gostar assim", todas parcerias com Fernando César.

Entre os LPs que gravou estão "Convite ao samba" e "Dançando com Britinho", pela Sinter, "Dançando em HI-FI", pela Columbia e "Músicas de filmes de todo o mundo", pela Odeon.



CURIOSIDADES

No livro Chega de saudade, do jornalista e escritor Ruy Castro, ele narra a gravação do primeiro disco do músico baiano, em 1952. Saído do Garotos da LuaJoão Gilberto teve um conjunto para lhe acompanhar; entre este estava Britinho, ao piano. Logo quando saiu de seu grupo anterior, João Gilberto estava precisando de dinheiro. Recorreu então ao xará do sul, melhor de vida na época.

No site do Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) são 75 fonogramas de João Leal Brito - de 78 rpm são 15 e de 33 rpm são mais 63. Estão ali 42 álbuns de carreira e 21 participações. Tudo isso em um período de 13 anos - 1951 a 1964.

Outro grande nome da música brasileira que nutria grande respeito e admiração por João Leal Brito - e por seu irmão, Rubens - era Dorival Caymmi, que o considerava “indiscutivelmente um dos melhores pianistas do Brasil”.


Os muitos nomes de Rubens Leal Brito

Alguns artistas mudam seu nome durante a carreira (casos de Jorge Benjor e Sandra de Sá). Outros usam um ao cantar e outro ao compor (como Jamelão, que assina as composições com seu nome de batismo, José Bispo). Mas o pianista gaúcho Rubens Leal Brito é um sério candidato a recordista de nomes artísticos simultâneos. Assinava com seu próprio nome suas composições, feitas entre 1938 e 1951, sozinho ou em parceria com Jorge Faraj.

Como Britinho, além de gravar seus próprios discos com solo de piano - na Continental em 1956 e em LPs da Sinter em 1956 e 1957 -, acompanhava cantores, como na estréia em disco de João Gilberto (Copacabana, 1952). Também foi com este nome que gravou uma série de discos com outro pianista, Fats Elpídio (RCA, 1952-53). Assinou desta maneira algumas músicas, feitas entre 1952 e 1963 com os parceiros Fats Elpídio, Mesquita e Fernando César.

Já era chamado Britinho em 1943, quando tocou na Rádio Farroupilha (Porto Alegre). Após alguns recitais, foi contratado para integrar a Orquestra Panfar, da emissora. Dirigiu por um período o Jazz da PRH-2, enquanto seguia atuando como pianista.

Algumas das músicas gravadas pelo pianista Britinho em discos Todamérica de 1951 eram de autoria de... João Leal Brito. Este também era o parceiro de Fernando César em "Noite Chuvosa" (1960). Seria um irmão de Rubens? Talvez, embora em 1953, o crédito do choro "Vê se te Agrada", gravado por Gentil Guedes e sua Orquestra na Sinter, era para João Leal Brito "Britinho". 

Assinando Leal Brito, gravou LPs na Musidisc (1955) e na Sinter (1956-57). Também teve músicas gravadas em 1955.

Teria havido outros nomes? É possível. Em abril de 1957, o radialista Almirante era convocado pela Justiça carioca para dar seu parecer como perito a respeito da ação da gravadora Rádio, que mantinha o pianista Waldir Calmon sob contrato e acusava a Musidisc de procurar iludir o consumidor, ao lançar o LP Para Dançar, gravado por Leal Brito com o pseudônimo de Pierre Kolman. Outra alegação se referia ao título do disco - Calmon tinha uma série de LPs com o nome de Feito para Dançar. Almirante concordou com a acusação.



Talvez outro disco de "Kolman" tenha saído, pois o site do Dicionário Cravo Albim registra este pseudônimo, ao lado de outro - Franca Vila. Curiosamente, ali o nome de batismo de Britinho acabou sendo mencionado como "João Adelino Leal Brito"...

João Leal Brito “Britinho“ - nº 1 - 1962


P.S: Em 2008, o blog Toque Musical disponibilizou para download o LP Dance com Musidisc - Vol. 1, de Pierre Kolmann, e a questão sobre sua real identidade voltou à tona, sendo discutida no espaço de comentário daquela postagem. Um usuário anônimo chegou a postar na íntegra esta minha nota, sem porém dar-me o crédito da autoria. Mas, o melhor de tudo, é que entre os comentaristas apareceu Vinicius Carvalho Veleda, que é ...um sobrinho-neto de Rubens Leal Brito! Sim! Vejam o que ele disse, em 2009:

Olá a todos, por incrível que pareça Rubens Leal Brito é meu tio-avô. Ele nasceu em Pelotas/RS, meu avô era Oscar Leal Veleda, eles eram irmãos apenas por parte de mãe, o "Britinho" do primeiro casamento, que no total são 4, e do segundo casamento meu avô que são mais 3, nome da minha bisavó era Chica Leal.(teve 7 filhos) João Leal Brito, era irmão do Britinho, porém mais novo, e foi levado para o Rio de Janeiro por influência de Britinho. Quem me contou isso, foi meu pai, Clóvis Veleda, que lembra muito bem do Britinho, segundo meu pai ele sempre vinha passar o carnaval aqui em Pelotas. Depois que meu pai me contou, pedi alguma coisa para ler sobre ele, e conseguiu algumas folhas, logo me interessei por conhecer sua obra. Quem souber mais coisa sobre Britinho e sua Orquestra, me interessaria muito. Abraços!

Ficou confirmado então, como eu supus, que João Leal Brito era um irmão de Rubens "Britinho", e não mais um pseudônimo.


 (F.G., 5.8.11)

Al Brito e Seu Piano – Arco-Iris Musical (1958)
João Leal Brito/Britinho



Britinho e Seu Conjunto


Quiero Que Me Beses (1961)



Britinho, Seu Piano e Seu Ritmo
Os Dez Maiores Sambas (1956)

Britinho, Seu Piano e Sua Orquestra
Convite Ao Samba (1956)

*Pierre Kolmann e Seu Conjunto
Para Dançar 2 (1957)
*João Leal Brito/Britinho

*Leal Brito e Orquestra – Baiao Nº.4 – 10′ (1954)
*João Leal Brito/Britinho

E outras gravações de Britinho veja aqui

FONTE

dicionário MPB

http://www.brasileirinho.mus.br/arquivomistura/103-300505.html

http://www.diariopopular.com.br/tudo/index.php?n_sistema=3056&id_noticia=ODMwMDQ=&id_area=MA==

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