segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sonantes

Sonantes é um coletivo musical de vários artistas brasileiros (leia-se projeto paralelo) de nomes como CéU (nos vocais) Pupilo e Dengue da Nação Zumbi (na bateria e baixo respectivamente). Além de nomes como o produtor Gui Amabis e sua irmã Rica do Instituto,.enfim um projeto de 20 e poucas pessoas.

Coisa Fina: Afro, latino, cancioneiro, pernambucano, planetário como diz a página do sonantes no myspace. Eles vieram para criar uma trilha sonora pra filmes inexistentes, e o resultado é um disco desconexo entre suas faixas mas que faz todo sentido na sua cabeça.

Tendo escutado o segundo album da CéU já esperava o que ouvir do sonantes pois sabia que um tinha influenciado o outro, mas Sonantes é muito mais do que uma voz, inclusive ela está ali pra complementar a música e não para ser o foco principal.

O canto de Itapeva soa como uma invocação universal. Pode ser uma música indígena, um canto africano, um canto de capoeira, um mantra ou absolutamente nada, mas aquilo forma imagens na sua mente, música realmente pra viajar longe sem psicodelia.

O Ska e o Dub misturam-se ao samba que se modifica com os back vocals e você percebe como cada artista adiciona ao trabalho, Pra quem curte um som cheio de referência aos anos 60 e 70 brasileiros o album é uma briza no tempo quente.




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Sonantes - grupo formado pelos paulistas Céu, Gui Amabis (cantor, músico e produtor), Rica Amabis (do Instituto) e os recifenses Dengue e Pupillo (respectivamente baixo e bateria da Nação Zumbi) estreou em 2008 com um disco lançado somente nos EUA e Europa. A mistura de percussão com sons eletrônicos chegou agora ao Brasil, depois de três anos, pelo selo Oi Música.

Morando em Perdizes, bairro nobre paulista, o quinteto foi aprontando as gravações aos poucos. “Eu dividia com o Pupillo e o Dengue um apartamento que tinha um estúdio. A Céu e o Gui (que são casados) moravam ao lado. E a gente ficava trocando um som e, quando vi, já tinha 10 músicas. Aí é que pensamos em lançar (um disco)”, lembra Rica Amabis, por telefone. Como o quinteto não tem planos para um novo encontro ou de montar um show, nenhuma gravadora brasileira se interessou no começo.

A mistura de influências e linguagens deu origem a um som universal, meio futurista, que parte da psicodelia, passa pelo frevo e chega ao carimbó. Miopia é uma espécie de samba-canção mais arrastado. Mambobit é um número instrumental com um pé nos anos 1950 que antecede Looks like to kill, que parece ter sido tirada de um filme de faroeste. Este última ainda conta com a guitarra virtuosa do cearense Fernando Catatau.

Além de Catatau, outros (muitos) convidados passeiam pelas 10 faixas do disco, como Siba, Lúcio Maia e Gustavo da Lua. Já B Negão entrou para esta lista por acaso. A história foi assim. Convidado para fazer um show em São Paulo, Negão pediu ao amigo Rica que o abrigasse por uma noite. No dia seguinte, ao acordar, ele foi ao computador, gravou uma melodia somente na voz e sugeriu que Céu escrevesse uma letra. A cantora, ao ouvir, preferiu apenas acrescentar um contracanto.

Mesmo com o lançamento do Sonantes (nome sugerido por Jorge Du Peixe) no Brasil, o palco não está nos planos do quinteto. “Até fizemos uma participação no programa do Arnaldo (Antunes, Grêmio Recreativo da MTV). Mas não é essa a ideia. Trata-se de um disco de produtor”, confirma Rica dizendo que a prioridade agora são as carreiras individuais. Céu e Nação Zumbi estão em estúdio prestes a lançar trabalho novo. Formado também por Dengue, Pupillo e Rica, outro projeto coletivo, 3 na Massa, deve lançar seu segundo disco ainda este ano. Este projeto apresenta novos compositores homens sendo interpretado somente por mulheres. Entre as convidadas deste segundo trabalho, já estão Pitty, Karina Burh, Bárbara Eugenia e Céu. E entre os autores, Jorge Du Peixe, Junio Barreto, Otto e Lucas Santana.

SERVIÇO - SONANTES

O quê: disco de estreia da banda formada por Céu, Gui Amabis, Rica Amabis, Dengue e Pupillo (10 faixas)

Participações: Siba, B Negão, Lúcio Maia, Fernando Catatau e outros

Produção: Oi Música

Preço médio: R$24,90



Com um dos projetos de estúdio mais interessantes do meio pop da música brasileira nos últimos anos, o Sonantes tornou-se sinônimo de qualidade na MPB desde 2008. Ironicamente, essa constatação teve que vir de fora, via imprensa internacional, e não de dentro do nosso país. O motivo? O disco da banda formada pela cantora Céu, pelos irmão Rica e Gui Amabis e por Dengue e Pupilo, ambos da Nação Zumbi, só saiu nos Estados Unidos e na Europa, tudo pela falta de interesse das gravadoras brasileiras em lançar o disco por aqui. Decisão essa que me parece um fenômeno sintomático da curta visão de negócio que nossos magnatas de indústria fonográfica apresentam nesses tempos de crise.

Mas depois de três longos anos, enfim o disco homônimo da banda chega às lojas de todo Brasil através da gravadora Oi Música. Agora, os fãs brasileiros de artistas como a própria Nação Zumbi, o 3 na Massa e o coletivo Instituto podem ouvir o trabalho deste supertime de instrumentistas e compositores sem ter que esperar seis dias de entrega. E melhor ainda: sem ter que pagar em dólar. Em fusão de rock, reggae, hip hop, ritmos populares e jazz, a banda condensa todas as qualidades de composição desse novo cenário da nossa música popular em um disco de dez canções irretocáveis gravadas, impressionantemente, no curso de só seis meses.

Para Gui Amabis, guitarrista, compositor, produtor, arranjador, letrista e tudo mais, assim como todos os integrantes da banda, o mais importante não foi lançar o disco no exterior primeiro. Como ele mesmo explicou, o mercado de música independente não era como é hoje no país, o que fez toda a diferença na hora da prensagem do disco dos Sonantes. Em entrevista à Trip, ele mostrou seu ponto de vista sobre este hiato de três anos entre o lançamento do disco na gringa e o lançamento nacional. Veja abaixo a entrevista na íntegra.

Para começar, queria perguntar por que esse hiato de 3 anos desde que o disco saiu lá fora até sair agora pela Oi Música. O que aconteceu nesse meio tempo?

Quando a gente terminou o disco, o André do selo Urban Jungle, que lança a Céu e o Curumim, naquela época estava trabalhando muito lá fora. E logo que ele ouviu o disco ele se interessou em ajudar a gente a lançá-lo lá fora, afinal era onde ele estava mais atuante. Então foi bem rápido pra ele conseguir contrato de licenciamento e etc... Na época, aqui no Brasil, ninguém se interessou em lançar. Era outra época. Hoje em dia você só faz um site e dá o disco. Fica fácil de distribuir. Naquela época estava mais difícil pra gente, com todo mundo trabalhando muito, ocupado com um monte de coisa. Logo depois a Céu começou a gravar o segundo disco dela, o Vagarosa; O Rica, Pupilo e Dengue já estavam lançando o 3 na Massa e eu já estava envolvido com muita trilha de filme...

No fim era trabalho demais pra lançar de forma independente...

Pois é, e ninguém se interessou, a princípio. A gente deixou rolar. Pensamos que uma hora alguém iria se interessar em lançar. E foi o que aconteceu. A Oi Música se interessou no ano passado e eles procuraram o André com uma proposta formal. Fizeram uma proposta massa e a gente resolveu lançar o disco aqui também.

E isso é bem sintomático de como a indústria fonográfica do Brasil insiste em fazer maus negócios mesmo em tempo de crise. Afinal, estamos falando de uma banda que tem a Céu como cantora e dois integrantes da Nação Zumbi que são uma das mais importantes bandas dos últimos 15, 20 anos no país. Se vocês estavam tendo dificuldade de lançar o disco, que é tão bom, imaginamos como é para as outras tantas bandas boas que estão por aí...

E a dificuldade só aumenta. O mercado mudou muito nesses últimos 5 anos. Eu acho que só agora estamos chegando em algum lugar, onde os artistas estão ficando cada vez mais donos das suas obras. Eles mesmos lançam, fabricam e distribuem, seja fisicamente ou digitalmente. Muitos estão literalmente dando o disco na internet e depois vendendo em shows. E isso é muito louco pra quem viveu sempre vendo as gravadoras trabalhando.

Em uma pesquisa rápida você logo vê que a versão internacional do disco continua à venda nas lojas virtuais estrangeiras, como a Amazon, e as resenhas de usuários são uma mais positiva do que a outra. Como foi a recepção do Sonantes no exterior? Deu pra sentir algum feedback?

Cara, foi muito boa. As críticas foram todas surpreendentes pra gente. Especialmente por ser um disco todo cantado em português e por ser bem experimental. Afinal, não é um disco tradicional de arranjos e de forma de composição. No fim a gente ficou muito surpreso com as críticas, que foram todas muito boas. A gente ganhou quatro estrelas do Independent, da Inglaterra, o que é muito difícil de acontecer. A gente ficou muito feliz com a forma que o Sonantes foi recebido lá fora.

Isso tudo sem fazer nenhum show lá fora, certo?

Exatamente. A gente nunca fez shows com essa banda. Nunca fez e provevelmente nunca fará (risos).

De onde veio a decisão de não fazer shows? É pela logística ou porque vocês queriam que a banda fosse mesmo um projeto de estúdio?

É um pouco dos dois. Pra gente a banda era mesmo um projeto de estúdio. Um laboratório musical, na verdade. A gente nunca pensou em fazer shows. Agora ainda está ficando cada vez mais difícil, com todo mundo envolvido em muitos projetos com shows. O Pupilo e o Dengue tem a Nação Zumbi e o Almas, que é o projeto deles com o Seu Jorge. Fora o 3 na Massa, que é o Rica, o Pupilo e o Dengue. O Rica tá com eles no 3 na Massa, tem o Instituto e o trabalho pessoal dele, mais com trilha sonora. Eu estou lançando meu disco agora e continuo trabalhando com trilha e produzindo discos. E a Céu hoje é uma das mais ocupadas, com uma carreira que exige muito dela. Seria muito difícil da gente conseguir parar para ensaiar e se programar. Porque não é só o dia do show. Teria muita coisa antes do dia do show para ser feita para que o show aconteça de fato.

O disco tem esse clima de música feita entre amigos. Muitos amigos na verdade... Como foi a escolha das participações especiais no Sonantes?

É, foi bem isso. São muitas participações. Temos o Fernando Catatau do Cidadão Instigado, tem o Daniel Bózio, tem o Lúcio Maia da Nação Zumbi, o Gustavo da Lua, tem o Toca Ogan, tem o BNegão... São tantos que é até difícil de lembrar (risos). Tem ainda o Pepe Cisneros. Tem o Siba, Sérgio Machado, Beto Villares, o Apollo 9 participa também. Tem o pessoal de Recife no meio, o Mestre Duda e todo o naipe de metais dele. Então foi um disco bem de amigos mesmo. A gente foi fazendo e todo mundo que participou, participou de coração.

E como rolou a escolha das pessoas para as participações? Vocês foram chamando os amigos conforme precisavam dos intrumentos?

Fomos indo conforme a música. As vezes pensávamos: "Aqui ia ser massa um teclado. Quem a gente pode chamar?" e o outro respondia "Deixa que eu vou lá no Apollo, ele tem um melotron , a gente grava com ele que tira um som animal". E assim por diante. No meu caso, nas músicas que eu me envolvi mais. Cada música foi uma história. De vez em quando eu aparecia com uma música, começava a levantar e jogava na mão do Rica. Aí ele mexia e passava para frente. O disco todo foi escrito meio assim. Todo mundo meteu a mão em todas as músicas, praticamente. E ia caso a caso. Precisava de uma guitarra: "O Lúcio Maia está aí, vamos chamar ele". E foi bem assim mesmo.

E a proximidade entre vocês cinco ajudava, certo? Na época todos vocês moravam pertinho um do outro, em Perdizes. Hoje vocês ainda são vizinhos?

Não, todo mundo se espalhou agora. Infelizmente hoje a gente não se vê mais tão frequentemente. O Rica eu vejo, porque ele é meu irmão, e eu ainda sou bem próximo da Céu também, então a gente se vê bastante. Mas o Pupilo e o Dengue agora moram cada um em um lugar e São Paulo é muito louco. Fica difícil encontrar as pessoas.

São Paulo acaba consumindo todo mundo. Você pensa em um dia mudar de cidade? Tem algum outro lugar que você gostaria de morar?

Eu não sei bem. Eu gostaria mesmo de morar mais perto da praia, mas por enquanto está difícil (risos). Pra quem mora aqui, é sempre difícil largar São Paulo. Especialmente por causa de trabalho. Fora daqui não teria muito o que fazer, a não ser que eu mudasse totalmente o meu estilo de vida. Mas eu adoro trabalhar com música e produção, então é difícil sair. Eu até poderia ir pro Rio, por exemplo, mas lá também é muito caro e também fica difícil de conseguir. E em São Paulo é onde estão mesmo os meus maiores parceiros. E sozinho a gente não faz nada, né? Sozinho, nem o João Gilberto (gargalhadas).

Eu sei que isso é colocar um pouco o carro na frente dos bois. Mas, existe a possibilidade de um segundo disco do Sonantes? É algo que está nos planos de vocês para o futuro, talvez com uma formação e participações diferentes?

Por enquanto a gente está bem feliz de ter conseguido lançar nosso primeiro disco aqui. A gente vai esperar agora, ver como o disco será recebido aqui, para podermos pensar no futuro e ver como é que vai ser. A gente ainda não tem ideias para fazer um novo disco agora. Tanto é que o 3 na Massa está gravando disco novo, a Céu já está no embrião do terceiro disco, eu estou lançando meu disco solo agora também, focado nas entrevistas, produção de show e toda a burocracia que acompanha o lançamento de um disco. Agora ainda não tem margem para pensar nisso. Mas nunca se sabe o que aparecerá no futuro.

Então, pra gente terminar, conta um pouco sobre o seu disco novo. Como ele chama e quando ele sai?

Bom, o disco chama Memórias Luso-Africanas e é o resultado da minha tentativa de tentar resgatar a sonoridade dos meus antepassados africanos e portugueses. Várias das letras foram inspiradas nas histórias de uma avó minha, portuguesa, que infelizmente faleceu em 2006. Ela passou muitos anos com Alzheimer, perdendo a memória, e pra mim era muito louco ver uma pessoa com tanta história e com tanta coisa, se esquecer de tudo. Não lembrar de nada e não reconhecer ninguém. E o disco meio que foi inspirado por isso.Então ele é bem autoral.

E o disco também tem várias participações, certo? Quem participa das gravações com você?

Tem a Céu cantando em algumas músicas. Tem a participação do Criolo também. Do Lucas Santanna, da Tulipa Ruiz, do Tiganá, que é um cantor de Salvador, tem o Curumim tocando bateria em duas faixas, tem o Dengue tocando baixo, o Régis Damasceno que é o guitarrista do Cidadão Instigado, tem o Samuel Fraga que é um baterista daqui de São Paulo. Tem o Siba fazendo um coro muito legal em uma música. Tem o Maurício Alves que era do Mestre Ambrósio com o Siba. Tem o Thiago França no sax e o Marcelo Cabral no baixo acústico. Enfim, muita gente mesmo. É um disco totalmente independente, que estou dando de graça no meu site para download. Quem quiser, pode baixar lá de graça no http://www.guiamabis.com./


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