Filho do pescador Francisco Tito, de quem herdou o dom da música, o seresteiro e compositor Paulo Peres Tito (82), natural de Natal/RN, foi criado no bairro das Rocas.
Aos treze anos, Paulo Tito trabalhava na relojoaria, de Carlos Farach, um dos donos da Rádio Educadora de Natal (REN), certo dia, enquanto trabalhava, ele começou a cantar alto, o que chamou a atenção de todos, inclusive do dono, que logo o chamou para cantar em sua rádio. Na oportunidade, Paulo Tito participou de um concurso na Rádio, ficando em primeiro lugar, dando início a sua carreira.
Paulo Tito - Pedida Legal
Paulo Peres Tito (8/4/1929 Natal,/RN) é um cantor, compositor e produtor brasileiro. Aprendeu o gosto musical com o pai. Estreou como cantor aos 13 anos de idade na Rádio Educadora de Natal.
Participou de diversos programas de calouros em sua cidade natal. Em 1951 assinou contratao com a Rádio Jornal do Comércio do Recife, onde ficou contratado por três anos. Atuou como cantor na Orquestra Tabajara.
Em 1954 foi para o Rio de Janeiro a convite de Luiz Gonzaga para cantar na Rádio Mayrink Veiga. No período, o Rei do Baião estava sem o seu Zabumbeiro, que não compareceu à apresentação que estava por acontecer. Foi quando Tito se ofereceu a Luiz Gonzaga para substituir seu integrante. Após a apresentação, Tito disse que Luiz ficou encantado com o seu trabalho, tanto que o convidou para trabalhar no Rio de Janeiro. Um mês depois, chegou o telegrama de Luiz Gonzaga o convidando para trabalhar na Rádio Nacional. Após receber ajuda de custo do Rei para a viagem, Tito partiu para a Cidade Maravilhosa.
Lá ele morou por 26 anos, onde não foi só cantor e compositor, mas também produtor e diretor musical, trabalhando nos bastidores da música. Em 1955 estreou em disco solo na Copacabana com o samba canção "Missão de amor", de Renê Bittencourt e a rancheira "No meu sertão", de Luperce Miranda e Gildo Moreno.
Em 1956 gravou os sambas canção "Nossa Senhora de Copacabana", de Heitor dos Prazeres e Kaumer Teixeira e "Linhas paralelas", de Vardemar Gomes e Jair Amorim.
Em 1959 gravou na Polydor os sambas "Sai do bar", de sua autoria e Ricardo Galeno e "Compromisso com a saudade", de Billy Blanco.
Em 1960 - Paulo Tito gravou o LP "Baiano da Guanabara", pela Carrossel. Esta gravação de Paulo Tito tem a honra de ter sido a primeira a trazer a música Súplica Cearense, de Gordurinha e Nelinho.
Conforme relata Roberto Torres no livro Gordurinha (Coleção Gente da Bahia) "... a história deste disco é engraçada. Gravei esse disco por acidente. Quem iria gravá-lo era o Gordurinha. No dia da gravação, quando todos os úsicos do Regional do Conhoto, que tinha um cachê altissimo, já estavam em estúdio, Gordurinha ligou avisando que estava doente, sem poder gravar", conta Paulo Tito.
O Regional do Canhoto (conjunto musical instrumental brasileiro de choro criado em 1951) sem dúvidas, um dos mais famosos da época, era famoso por Canhoto (cavaquinho), Altamiro Carrilho (flauta), Dinho (violão sete cordas), Jaime Florence (violão seis cordas) e Gilson (pandeiro)... Diante desse impasse, o dono da gravadora indagou a Paulo Tito se ele conhecia o repertório que iria ser gravado. E, em função da resposta positiva, decidiu que seria o cantor do Rio Grande do Norte, quem colocaria a sua voz no disco "BAIANO DA GUANABARA"/GORDURINHA/PAULO TITO/CARROUSSEL/SE-1.006-a/1960.
Paulo Tito conta que: "...no começo resisti, não queria gravar. Até porque era um disco de forró, baião, e meu estilo era outro. Sou um cantor romântico. Terminei gravando e o disco nasceu de um acidente. O elepê terminou sendo um sucesso, pois foi lançado na época que Juscelino Kubistischek transferiu a capital do país do Rio de Janeiro para Brasília e a música de Gordurinha que dá título ao disco "Baiano da Guanabara" fazia uma gozação com os cariocas por causa dessa mudança. Foi muito interessante. Exatamente, porque os cariocas viviam gozando os baianos. Com a música o contrário passou a acontecer".
Baiano da Guanabara
Composição: Gordurinha
Carioca amigo, tu sempre mexeu comigo
Eu nunca me zanguei
Vê se agora não se invoca
Meu amigo carioca
Pois eu nunca me invoquei
Tu zombava, Tu dizia
Que eu sou pau de arara
É, mas JK se afogou
E o carioca já virou
Baiano da Guanabara
Escute aqui: sou filho do interior
E tú também!
Tô longe da capital
E tú também!
É o baiano pau de arara
è o baiano da Guanabara
Que diferença é que tem?
Vou te ensinar o meu sotaque
pois você não tem nenhum
Olha: aipim é macaxeira
(viu bichinho?)
E abóbora é jirimum
Que tá gozado tá
Carioca com sotaque de pau de arara
É, mas JK se afogou
E o carioca já virou
Baiano da Guanabara
Gordurinha não participou da gravação do disco mais assinou a metade das músicas de "Baiano da Guanabara", são elas: "Pelé", "Baiano da Guanabara", "Larga o Coco", "Súplica Cearense" e "Não Tá Certo Não" (Gordurinha e Nelinho): e "Perigo de Morte", (Gordurinha e Wilson de Moraes).
Não encontrei gravação da música "Não Tá Certo Não", na voz de Paulo Tito, então à título de curiosidade postei essa na interpretação do Trio Nordestino...
Não tá certo (Trio Nordestino - 1964)
Em 1961, Paulo Tito gravou na Continental os baiões "O vendedor de biscoito", de Gordurinha e Nelinho e "A vassoura da comadre", de Gordurinha. Paulo Tito e o Trio Nordestino gravaram a música “Vendedor de biscoitos”. Ary Lobo, acompanhado por Saraiva e seu conjunto, gravou no LP Suplica Cearense (CantaGalo) as músicas: "Súplica Cearense", "semente do Bem" e “Vendedor de biscoitos”, só que essa última com o nome de “Zé Paraíba”.
Paulo Tito gravou o rojão "Pedido legal" e o baião "Pelé", de Gordurinha; e de Miguel Lima e Liesse Miranda, o xote "Confusão em família".
Em 1975 integrou uma caravana de artistas potiguares e retornou ao Rio Grande do Norte fazendo apresentações em diversas cidades do interior, para lançar o disco “Reencontro”, junto com outros artistas locais a convite do então Governador Cortez Pereira, mas Paulo Tito só voltou definitivamente ao RN em 1980, quando, segundo ele, “a idade pesou”.
Em 1977 gravou o LP "Balanço", pela Tapecar, interpretando músicas de Vinícius de Moraes, Noel Rosa e Chico Buarque. Como compositor fez parcerias entre outros com Roberto Faissal, Romeu Nunes e Zé Gonzaga.
Paulo Tito teve composições gravadas por Altemar Dutra, Carequinha, Cauby Peixoto, Os Cariocas, Elis Regina, Zé Gonzaga e outros. A partir de 1978 voltou a residir em Natal passando a lecionar violão no Instituto de Música Waldemar de Almeida, além de se apresentar em casas noturnas.
Zé Gonzaga e Paulo Tito - Psicodelico
Paulo Tito é seresteiro em Natal. Para ele, “a música é um alimento” que ele necessita consumir. Além de cantar, ele faz palestras, como fez recentemente no SESC sobre a história do samba. Também foi professor de violão durante 14 anos pelo Instituto de Música Waldemar de Almeida, da Fundação José Augusto.
“Quem está preparado, trabalha”, disse Paulo Tito após ser perguntado sobre o que achava do apoio que os artistas natalenses recebiam. Segundo ele, Natal apóia os artistas da Terra. “O músico, para ter o apoio do público, do Estado ou da empresa privada, tem que estar preparado pra receber o apoio, porque ninguém vai apoiar um artista que não conheça a música”, afirmou.
Em 2007, Tito foi homenageado no Teatro Alberto Maranhão, através do Projeto Seis e Meia, recebendo um prêmio simbólico, que, por ele estar doente, foi recebido por Leide Câmara, uma grande incentivadora do seu trabalho.
Em relação ao seu estilo musical, a seresta, Paulo disse que o ritmo não perdeu espaço para outros estilos musicais, como o forró e o rock, afirmando que “a seresta não nasceu, já existia, ela é eterna”. Hoje ele diz que tudo mudou muito em relação à música, pois o que importa mais é a questão visual, e não o conteúdo. E, embora haja essa contrastante diferença, ele afirma que isso é certo, porque está de acordo com a época em que vivemos.
Atualmente, Paulo está em seu segundo casamento. O primeiro foi em 1950, e teve dois filhos. O segundo é recente, faz pouco mais de dez anos e com esta companheira, tem uma filha...
FONTE
Dicionário Cravo Albin
Programa Xeque-mate
estand-art
Blog Gordurinha Ainda Tá na Praça
**Torres, Roberto. Gordurinha: Baiano Burro Nasce Morto.
2ª ed. 2009. Coleção Gente da Bahia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário