quinta-feira, 14 de abril de 2011

Onildo de Almeida


Onildo de Almeida, poeta e músico de rara sensibilidade, um cabra da peste, nasceu em Caruaru/PE em 13/08/28. No começo da carreira integrou conjunto vocal de muito sucesso em Pernambuco, o Cancioneiros Tropicais, depois chamado de Vocalistas Caetés.

Chora Bananeira


Ingressou no rádio e depois se tornou dono de emissora. Compôs mais de 500 músicas, algumas gravadas por grandes nomes da MPB como Maysa, Agostinho dos Santos e Gilberto Gil.

O primeiro sucesso foi a música Linda Espanhola, marchinha carnavalesca, ganhadora de concurso do carnaval pernambucano de 1955.

Contudo, foi com a música regional interpretada por gente da estirpe de Luiz Gonzaga, Marinês e Trio Nordestino que ficou conhecido em todo o Brasil e ganhou projeção internacional: a sua música Feira de Caruaru, gravada por Luiz Gonzaga em 1957, ganhou o mundo e foi divulgada em 43 países. Interessante notar que Luiz Gonzaga (que amava Caruaru) no ano do seu centenário, 1957, foi convidado a ser o patrono artístico da festa. Assim, de vez em quando visitava aquela cidade agrestina. Numa dessas visitas Onildo lhe apresentou a música. Gonzaga então disse pra Onildo: “- Isso tem cheiro de nêgo, posso gravar?

Onildo já tinha gravado a música um ano antes e chegou a vender onze mil cópias do disco. Não é preciso dizer mais nada sobre a música, gravada inicialmente em disco de 78 rotações, o qual tinha no seu lado B a música Capital do Agreste, de Onildo Almeida, Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho, embora a gravação omita o nome de Luiz Gonzaga, o que foi uma grande injustiça, porque a idéia de fazer a música Capital do Agreste partiu de Luiz Gonzaga querendo retribuir o carinho de ter sido convidado para padrinho da festa dos cem anos.

Onildo e Luiz chegaram a passar dois dias trabalhando na letra e na melodia da música, mas os dois não sabiam nada da história de Caruaru ou como foi o começo daquela linda cidade. Foi quando veio a idéia de um observador de que na cidade havia um moço que sabia muito sobre Caruaru. Era Nelson Barbalho, depois revelado como escritor e compositor de sucesso.

O rapaz tremeu as pernas quando ouviu dizer de Onildo que Luiz Gonzaga queria falar com ele. Dirigiram-se ao então Café Majestic, no centro da cidade e lá estavam sentados em uma mesa Luiz Gonzaga e José Almeida, irmão de Onildo. O problema é que o jovem Nelson Barbalho sabia da história de Caruaru, mas não sabia fazer versos contando a história. Aí foi quando Gonzaga começou a cantarolar a melodia e o novo poeta (a partir daquele momento), sapecou: “Quem conhece o meu Nordeste/ Certamente há de saber/ Que Caruaru de Bonito/ Há cem anos veio nascer...”.

A vila de Caruaru pertencia ao município de Bonito. A música é digna de figurar em qualquer antologia do baião, como tudo o que foi feito por Onildo e Gonzaga. Os direitos autorais do jovem compositor o ajudaram a comprar a sua primeira geladeira. Aí talvez resida a razão pra que Gonzaga abrisse mão da sua parte na música, pois como se sabe, era pessoa de um coração enorme e aquele compositor que despontava, precisava de um incentivo financeiro.

Com o passar do tempo ficou provado que o Rei do Baião gravou pouco da arte de Onildo, pois Gonzaga gostava de dar temas pra composições, algumas vezes dava o esqueleto de algumas músicas e deixava que o poeta as trabalhasse. Assim foi com Humberto Teixeira e Zé Dantas, mas com Onildo não. Com o talento que Deus lhe deu fazia tudo sozinho na maior parte das músicas que compôs. Mas assim mesmo dividiu com Gonzaga as seguintes músicas: É Sem Querer (1974), Lá Vai Pitomba (1980), Regresso do Rei (1984) e Sanfoneiro Macho (1985).

Quando Luiz Gonzaga esteve pra abandonar a carreira, pois o baião havia sido expulso dos grandes centros, na década de 1960, Gonzaga confiou a Onildo a tarefa de compor uma música pra marcar a sua despedida (A Hora do Adeus), praticamente toda de Onildo, pois somente o primeiro verso é de Luiz Queiroga, outro compositor talentoso, porém já falecido.

Não se pode fazer uma lista dos dez maiores baiões de todos os tempos sem que o “A Hora do Adeus” fique de fora. Foi gravado em 1967 no LP Óia Eu Aqui de Novo e no CD Luiz Gonzaga Volta pra Curtir, reproduzido de um show ao vivo de 1972, no Teatro Tereza Raquel no Rio de Janeiro.

Foi lançado em 2001, doze anos após a morte de Gonzaga. É um dos ícones do disco na voz de Gonzaga e no toque insuperável de sanfona do mestre Dominguinhos fazendo o acompanhamento. Outros grandes sucessos de Onildo na voz de Gonzaga foram: Sanfoneiro Zé Tatu (1963) e Aproveita Gente (1984).

Há outro grande nome da música regional que deve muito a Onildo. É a cantora Marinês, a mais bela voz surgida nos rincões nordestinos. Onildo presenteou Marinês com verdadeiros clássicos: História de Lampião, xaxado (1960), Gírias do Norte, com Jacinto Silva (1961), Marinheiro (196l), Siriri, Sirirá (1962), Meu Beija Flor (1962), Se a Polícia Chegar (1962), Minha Açucena (1963), Siu Siu Siu (1964), Profecia do Padre Cícero, com Jacinto Silva (1964), Carne de Sol (1965), A Feira de Caruaru nº 2 (1965), É Amor é Saudade (1966), Assim Nasceu o Xaxado, com Agripino Aroeira (1967), Matuto (1968), E Tará Rá Rá (1968) e Vitalino (1972).
O Trio Nordestino também fez muito sucesso com músicas de Onildo: Tá com Raiva de Mim, Se Casamento Fosse Bom, No Dia dos Namorados e Amor pra Te Dar.

Jackson do Pandeiro também gravou Morena Bela, de Onildo e Juarez Santiago. Jorge de Altinho é outro artista que fez muito sucesso com músicas de Onildo: Saudade de Você (1983), Lamento (1984) e Sem Você (1987).

Flávio José também gravou em 2001 a sua música ABC do Amor.

Embora seja um compositor de enorme talento, é pequena a discografia de Onildo Almeida: A Feira de Caruaru nº 2 e Casamento Antigo (1957); Zé Dantas e Vaquejada (1962), gravadas pela extinta gravadora Mocambo. A gravação original da Feira de Caruaru não se sabe o selo da gravadora.

Desde 1991 que Onildo só compõe músicas evangélicas, após se tornar membro da Igreja Assembléia de Deus Betesda em Caruaru/PE. Está lançando um CD com 24 faixas de louvor a Deus. A música Vitalino (letra e melodia de Onildo), homenagem ao grande artista do barro, do Alto do Moura em Caruaru, o qual tem peças expostas até no museu do Louvre em Paris, faz jus à grande arte de Onildo.

Em 04/12/2010, no auditório da antiga Radio Difusora de Caruaru, o pianista Giuseppe Mastroianni é homenageado pelos seus 75 anos de existência, oferecendo como recompensa um recital musical em que não faltaram emoções e surpresas. Um dessas surpresas, o conhecido compositor caruaruense Onildo Almeida, autor da antológica "A Feira de Caruaru", sobe ao palco e para delírio de quase 500 expectadores que lotavam o recinto, canta sua composição com o maestro Giuseppe Mastroianni acompanho-o ao piano. Encontro que nem tão cedo voltará a acontecer. Mastroianni, hoje reside em São Paulo e Onildo continua na cidade de Caruaru com os seus 82 anos bem vividos.

A FEIRA DE CARUARU - ONILDO ALMEIDA, COM GIUSEPPE MASTROIANNI


CURIOSIDADES

Recolhe Disco

*De passagem para o Exu, Gonzagão fez uma visita a Onildo Almeida para mostrar seu novo LP. Onildo olhou o disco, e notou um erro na capa: “Comigo ele nunca ficava brabo não. Costumo dizer tudo na cara, e fiz isso naquele dia. Olhei pra ele e falei: Luiz me admiro você, um nordestino, que sabe tudo do Nordeste, deixar que botem um título deste na capa do disco: “De fiá pavi”. Gonzagão pegou o álbum, olhou pra capa, para Onildo e questionou: “Que é que tem de errado?” E Onildo: “Mas, homem, a expressão é de fi a pavi (de fio a pavio, equivalente a de cabo a rabo). Onildo conta que quando Gonzagão se deu conta do erro, ligou para a gravadora a fim de que os LPs fossem recolhidos. Não foram, já estavam distribuídos pela lojas Brasil afora. Até hoje o álbum continua com o título, que não significa absolutamente nada.

*O Agreste jamais vai esquecer Onildo Almeida. É dele a música “A Feira de Caruaru”, imortalizada na voz de Luiz Gonzaga. A composição que virou o hino da região é de 1955 e surgiu de uma brincadeira.

Rodava o Agreste todo com os meus pais. Fomos a várias feiras, mas esta eu achava especial. Comecei a anotar tudo que vendia nela, aí um dia, veio a letra”, lembra. A obra do compositor, porém, não se resume à música consagrada: ele soma mais de 600 canções, defendidas por nomes como Jackson do Pandeiro, Marinês, Trio Nordestino e Maysa.

Sonhava em ser cantor romântico, o baião veio por acaso”, afirma. Ele confessa que, em princípio, queria ver Jackson interpretando a Feira, mas a canção acabou na voz de Gonzaga. “Luiz estava caminhando pelos corredores da rádio em que eu trabalhava e ouviu uma gravação. Perguntou quem tinha feito, eu disse ‘eu’. Então Gonzaga falou: ‘caboclo, deixe eu gravar isto’. Vendemos mais de 100 mil cópias em 57, um recorde absoluto para a época.

A feira foi batizada com o nome de Onildo, que ganhou uma estátua no pátio de entrada. “Sei que é difícil uma pessoa viva ser homenageada, por isto me emociono tanto”, revelou.

FONTE

Revivendo Músicas

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