terça-feira, 12 de abril de 2011

Rosa Pardini


Rosa Pardini (São Paulo/SP, 08/08/1926 * São Paulo/SP, 13/08/2009), teve a voz treinada nos ambientes da música clássica, mas era apaixonada pela música popular. Rosa era a filha caçula dos imigrantes italianos: Carlota e Amadeu Pardini.

Aos 13 anos fazia aulas de canto com a professora Lili Wolf. Para que o próprio aluno ouvisse sua voz e pudesse corrigir seus defeitos, a professora fazia gravações em acetato, no estúdio da Rádio São Paulo. E foi aí que um dia, quando a garota Rosa estava gravando, Oduvaldo Viana - que era o diretor artístico da emissora à época, a ouviu e se encantou. Estava para ser lançada a novela radiofônica: "Alegria", de Oduvaldo; Rosa foi convidada para cantar a música tema. Fazia a parte cantada, no lugar da atriz Sônia Maria. Foi um sucesso.

Em 1943, Rosa Pardini foi contratada pela Rádio São Paulo. Passou por outras Emissoras Unidas e, em 1949, foi convidada pela Rádio Tupi, e transferiu-se para aquela emissora. Participava de um programa semanal, com o grande maestro Marcelo Tupinambá. Descoberta em 1943, pelo então diretor artístico da Rádio São Paulo, Oduvaldo Vianna, Rosa Pardini foi durante as décadas de 40 e 50, destaque em emissoras da capital paulista.


Rosa Pardini foi sempre cantora e realmente era dona de uma voz privilegiada. Quando a TV Tupi foi inaugurada, ela estava lá. Participou de inúmeros programas, pois além da voz, tinha um rosto muito lindo, de traços perfeitos.

Cantou nos programas: "Antárctica no Mundo dos Sons"; "Almoço com As Estrelas"; e vários outros. Viajou por vários estados do Brasil, ao lado de Lolita Rodrigues, Hebe Camargo, Wilma Bentivegna.

O apresentador Alfredo Nagib apelidou Rosa Pardini de "Pássaro de Ouro". Ela gravou vários discos em 78 rotações, compactos simples e três LPS, entre os quais , o de maior sucesso foi: "Eu, o luar e você". Mas o que lhe trouxe mais admiração do público foram as interpretações de: "Que será, será"; "Guacyra"e "O que eu queria dizer ao seu ouvido".

Eu, o Luar e Você” [BBL 1143], primeiro na gravadora RCA Victor, lançado em 1959, com arranjos e regência do maestro Erlon Chaves, um de seus primeiros trabalhos à frente de uma grande orquestra, é o terceiro disco, de Rosa Pardini.

São canções, choros e valsas, algumas clássicas do cancioneiro brasileiro, que nas mãos do maestro Erlon Chaves, ganham roupagem ousada e moderna, mesmo respeitando a tradição brasileira das modinhas, valsas e serestas. Registrado em 1959, o disco fez sucesso popular e se destacou numa época em que as gravadoras apostaram em vozes femininas de talento para registrarem discos ousados artisticamente, e se equilibravam entre a música erudita e a popular.

Cantoras menos populares como Maria Helena Raposo, Lia Salgado, Leda Coelho e Délora Bueno, conseguiram a proeza de lançar LPs clássicos nestes moldes. Lenita Bruno em 1958 havia registrado pelo selo Festa a obra-prima “Modinhas Fora de Moda”, do qual este disco de Rosa Pardini, é também parente próximo.

"Eu, o Luar e Você” tem a orquestra discreta emoldurada por harpas, num estilo que apenas na década de 50 seria possível registrar. “Guacyra” clássico de Hekel Tavares e Joraci Camargo ganha arranjo de bossa, como se dizia na época, com a clarineta - provavelmente o próprio Siles - e um violão já anunciando novos tempos. O arranjo é ousado e brinca de modernidade. Já em “O Que Eu Queria Dizer”, também do mestre Hekel Tavares em parceria com Mendonça Jr, Rosa Pardini surge cheia de ternura transpirando a exata emoção que os autores impregaram tanto na letra quanto na melodia.

Em “Chorinho” o clima se alegra com uma beleza única e o ritmo dolente, Pardini mostra que sua voz também era perfeita para o samba e o chorinho. "Se Tu Soubesses”, de George Moran, Christóvão de Alencar, traz a cantora de volta ao samba-canção, num arranjo cheio de sutilezas. O lado A fecha com “Chuva e Vento” dos consagrados compositores Alberto Ribeiro e José Maria de Abreu. Melodia com não sei o que de moderno, os arranjos novamente na bossa do violão e do clarinete, mas com vibrafone e coro.

O lado B abre com “Modinha” de Jayme Ovalle, com letra do poeta Manuel Bandeira, canção que já havia sido gravada com grande beleza por Lenita Bruno, e a versão de Rosa Pardini também é belíssima, com destaque para o naipe de cordas. De autoria do maestro Marcelo Tupynambá, de quem Pardini foi crooner em sua orquestra durante anos, está o belíssimo samba “Mal Estar”, com acompanhamento de regional de choro.

Harpas e orquestra retornam em “Noite de Garoa” assinada por Amil. Há ainda “Tamba-Tajá” de Waldemar Henrique e “A Carícia de Tuas Mãos” valsa pouco conhecida do mestre Joubert de Carvalho. E para encerrar disco, uma canção brejeira - quase um lamento sertanejo, composta por outro mestre Laurindo de Almeida “Minha Saudade”.

Paralelamente, Rosa Pardini colocou sua voz em jingles e comerciais , por mais de 20 anos, tendo trabalhado nos Estúdios Sonotec, Publisom, Gilberto Martins, Magison e outros. É dela a voz do comercial da Varig ( Varig, Varig, Varig) e inúmeros outros.

Rosa Pardini foi casada com Wanderley Taffo, maestro, clarinetista e arranjador genial, na época conhecido por Siles, líder de um conjunto bastante atuante nas décadas de 40 e 50 em rádios, TVs e discos. Desta união nasceu o guitarrista Wander Taffo.

Em 2008, aos 81 anos, Rosa emocionava a platéia de três filhos, oito netos, além de agregados e fãs, que a acompanhavam sempre.


FONTE

Memória da MPB

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