segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mistura de estilos é a marca da música brasileira


Logo que li a postagem do Jornal da Band (pauta@band.com.br) que fala sobre a mistura de estilos como marca da música brasileira... fiquei o dia todo lembrando de interpretes que fazem este tipo de leitura da música clássica e popular. Uns emprestam vozes. Outros os instrumentos. E tem ainda aqueles que fazem uma junção total de estilos, vozes e instrumentos. Tomo como exemplo a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana (OBMJ) e o grupo Tira Poeira...

A barreira que separa a música clássica da popular é grande. Mas no Brasil esta divisão nem sempre foi uma regra. A mistura de estilos é a marca dos maiores compositores da nossa música, como Tom Jobim, Villa Lobos e Carlos Gomes.

OBMJ - O Guarani (Carlos Gomes)

Idealizada pelo músico e produtor Sérgio Soffiatti e pelo trompetista Felippe Pipeta em 2005, a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana tomou vida apenas em 2008. A idéia inicial era tocar música jamaicana de raiz, ska, rocksteady e early reggae, mas logo veio a idéia de tocar clássicos da música brasileira nesses estilos.

No repertório, chama a atenção animada versão de “O Guarani”, de Carlos Gomes, e de outras músicas como “Águas de Março”, “Barquinho”, “Samba de Verão”e “Garota de Ipanema”. A OBMJ vai além e faz do choro um ska em “Carinhoso” de Pixinguinha e “Ticotico no Fubá” de Zequinha de Abreu. Música brasileira com gostoso balanço do early reggae, ska e rocksteady, ritmos jamaicanos de raiz.



A introdução da ópera mais famosa de Carlos Gomes é fácil de perceber. Instrumentistas transcreveram obras como "o guarani" para o acordeon e hoje viajam o mundo divulgando a música brasileira. Uma das inspirações mais importantes é Heitor Villa Lobos.

Villa Lobos, o maior compositor da música erudita do Brasil passou a vida tentando derrubar o muro que separa o estilo clássico do popular. Ao contrário da tradição, ele buscou na música indígena e no folclore elementos para suas composições.

HEITOR VILLA LOBOS - O Trenzinho do Caipira
Composição de Heitor Villa Lobos e parte integrante da peça Bachianas Brasileiras nº 2. A obra se caracteriza por imitar o movimento de uma locomotiva com os instrumentos da orquestra...


(João Carlos Martins & Anderson Noise in Concert - Heitor Villa Lobos

"O Trenzinho do Caipira" )


(Tira poeira - Trenzinho do Caipira - Heitor Villa Lobos)

Com o nome pinçado de um clássico choro de Jacob do Bandolim, o Tira Poeira é formado por Henry Lentino (bandolim), Caio Márcio Santos (violão) e Fábio Nin (violão de 7 cordas), Sérgio Krakovski (pandeiro) e Samuel de Oliveira (saxofone), e é considerado um dos grupos mais importantes do movimento de revitalização do chorinho na Lapa, bairro tradicionalmente boêmio do Rio. Com elementos do jazz, samba e bossa nova, o grupo revisita temas de gênios como Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Heitor Villa Lobos... mistura que lhe valeu a indicação ao Prêmio Tim de 2003 como melhor banda de música regional.

Já Tom Jobim construiu sua carreira entre os dois extremos da música. Compositor, maestro, pianista e cantor. Ele ajudou a inventar a bossa nova e nas suas muitas obras primas encontramos influências do jazz, do samba e do clássico de Heitor Villa Lobos.

O maestro João Carlos Martins é um estudioso da obra de Villa Lobos também. Já levou as composições do brasileiro para importantes casas de espetáculos do mundo. Mas foi num palco tipicamente popular onde alcançou uma das maiores emoções da vida. João Carlos foi tema do enredo da Vai-Vai, campeã do carnaval paulista.

No Brasil encontramos universos onde as notas musicais ganham significados tão diferentes, mas que se encontram, se misturam se transformam.




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