sábado, 23 de abril de 2011

Maíra Freitas


Há quem diga, como Chico Buarque, que Martinho da Vila deixou o melhor para o final. Outros não ocultam a surpresa diante da erudição da moça, criada em família popular que legou ao país talentos natos como Márt’nália, além do próprio pai. Aos 25 anos, uma das crias mais jovens do mestre do samba resolveu dar uma guinada na carreira. Até então dedicada única e exclusivamente ao piano, Maíra Freitas virou cantora. “É um processo natural, de amadurecimento. Agora resolvi cantar”, explica a própria Maíra, com a naturalidade peculiar dos jovens.



Graduada em música clássica pela Escola de Música da UFRJ, depois de estudos de piano erudito com Maria Teresa Madeira, Luis de Moura Castro, Andrea Botelho e Elza Schachter desde os 12 anos, Maíra acredita ter optado por um lugar mais confortável e feliz, já que a música erudita, segundo diz, a limitava. Principalmente quanto à composição. “Agora estou mais livre para tocar e cantar o que quiser”, diz a artista, que, na música erudita, é fã assumida dos românticos. Bach, Villa-Lobos, Lourenço Fernandes, Prokofiev, Rachmaninov, Liszt e Chopin estão entre os ídolos da pianista, que, no entanto, sempre teve a vida permeada pela música popular, em família.

Prova disso é o primeiro disco de Maíra, que está lançando pela Biscoito Fino. Já na abertura ela faz um solo de piano em O voo da mosca, de Jacob do Bandolim, para em seguida dar garantias de que O show tem que continuar, conforme prega a composição de Arlindo Cruz, Sombrinha e Luiz Carlos da Vila. Moacir Santos e Nei Lopes são os responsáveis pelo Maracatu nação do amor, que antecede a surpreendente Corselet, da própria Maíra. “É aquele drama de mulherzinha, de comprar a roupa mesmo se ela não te servir. Eu sou assim, bem mulherzinha”, diz a respeito da composição, cuja trama narra a paixão por um corselet rosa tafetá.

De Quinho e Vitor Paiva, Maíra canta As voltas, com a participação do segundo, mostrando mais uma vez o talento de compositora em Alô?. A canção Recado, de Gonzaguinha, que ela vem apostando como música de trabalho, e Disritmia, em uma interpretação diferenciada, dividida com o próprio pai, Martinho da Vila, dão prosseguimento ao disco, no qual também consta a releitura de Monsieur Binot, tendo a autora Joyce Moreno como convidada. Paulinho da Viola contribui com Só o tempo. O clássico de Peter Pan Se queres saber, que já embalou muito fim de caso, é a próxima faixa. Para finalizar, Mambembe, de Chico Buarque, e a instrumental Se joga, da própria Maíra.



DO SAMBA “Sempre fui do samba, frequento a Lapa desde cedo. Só não o via como profissão, já que me dedicava à música erudita”, confessa a jovem artista. O gosto musical dela é amplo. Vai de Ravel a Radiohead, passando por Ella Fitzgerald, Elizeth Cardoso, Nana Caymmi, Elis Regina, Maria Bethânia, Chico Buarque, Djavan, Milton Nascimento, Martinho da Vila, Whitney Houston, Michael Jackson, Esperanza Spalding e Marisa Monte, entre muitos outros. “Eu, simplesmente, sou uma pianista que resolveu cantar”, repete.

Componho de onda, quando estou com vontade”, continua Maíra, cujos estudos de orquestração e harmonia contribuíram para que ela assumisse boa parte dos arranjos do disco, ao lado de profissionais experientes como Rildo Hora e Cristóvão Bastos. Já a produção e direção musical foram entregues à irmã Mart’nália. “A família foi fundamental em todo o processo”, conclui Maíra, que, para se aperfeiçoar na área, foi estudar piano popular com Leandro Braga, Marcos Nimrichter e Sheila Zagury, além de Cristóvão Bastos.



FONTE

Divirta-se Uai

Estadão

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