sábado, 9 de abril de 2011

Zé Fidélis


Maricotinha
Maricotinha terminou o nosso namoro
Com pancada e desaforo
Você fez um papelão
Eu vim cobrar o dinheiro que gastei
Pois você me namorou para a sua diversão

Um sanduíche de pernil, um bauru
Um refresco de cajú e um doce de mamão
E os cruzeiros que gastei com o seu maninho
Subornando o menininho com sorvete de limão

Um par de brincos que eu comprei lá numa feira
Reconheço foi besteira que eu fiz pra lhe agradar
E a meia-sola que botei no meu sapato
Com você andei de fato por aí a passear

Se você quer reatar o amor desfeito
Eu ensino qual é o jeito e estou a seu dispor
Pague as despesas com um certo adiantamento
E a partir desse momento
Apresente fiador.

Zé Fidélis é como ficou conhecido artisticamente Gino Cortopassi (23/9/1910, São Paulo/SP - 15/03/1985, São Paulo/SP). Cantor. Compositor. Humorista. Um dos pioneiros do humor radiofônico.


Em 1938, gravou seu primeiro disco pela Columbia, interpretando as marchas "Construí uma casinha", de Veríssimo de Oliveira e Raimundo Chaves, e "Versos de Camões", de Francisco Malfitano e Frazão.

Em 1940, gravou com Chico Carretel o "Desafio número 3" e o cômico "Consulta médica". Em 1943, gravou as paródias "Manuelita" I e II, de sua autoria, e L. Daniderff. Em 1949, gravou com Seus Malucos, a paródia "Pega a reta", com Mário Zan e Arlindo Pinto e o humorismo "Vasco x Arsenal".

Em 1950, gravou pela Continental o humorismo "Transmissão maluca", acompanhado pelo grupo Seus Malucos. Em 1952, gravou a paródia "Vingança" sobre a composição de Lupicínio Rodrigues e o humorismo "O grande prêmio".


Em 1953, gravou a paródia "Beijinho horroroso", composto com Nhô Pai e o xote "Carta de amor" de sua autoria. Em 1954, gravou a paródia "Casa de Teresa" e o humorismo "Luta de boxe".

Em 1955, gravou uma paródia de "Rosa", de Pixinguinha, e o humorismo "Irradiação do casamento", de sua autoria. Em 1956, gravou de motivo popular o xote "Casamento da crioula", e de sua autoria o cômico "O candidato burro...crata".


Em 1957, gravou de sua autoria a balada satírica "Boneca cabeçuda", e o humorismo "Portugal x Itália".

Em 1958, lançou pela Continental, o primeiro LP de humor no Brasil, "Zé Fidélis e suas paródias".


Em 1959, gravou "Caminho avacalhado", paródia de "Vereda Tropical", e o humorismo "PR-CC", as duas de sua autoria. No mesmo ano, gravou de Ubaldo Calvo, o rock "Babalina".

Em 1960, gravou uma paródia de "Mula preta", composição de Raul Torres, intitulada "Cavalo amarelo", e o xote "Noivo pão-duro". Em 1961, gravou "Valdemar Bastião", uma paródia de Bat Masterson. Em 1962, gravou o tango "Perfume dela". Em 1963, gravou a valsinha "Acredite se quiser", e a marcha "Lá vem a onça", de sua autoria.

Compôs também músicas que não eram paródias como o bolero "Meu castigo", gravado pelo Duo Guarujá e "Horas felizes", gravada pela dupla Ouro e Prata.


Em 1972, a dupla Alvarenga e Ranchinho gravou na RCA sua composição "Meu boi", paródia para "Meu bem", sucesso de Ronnie Von.

Em 1981, o selo Sertanejo lançou o LP "50 anos de humor legal".



CURIOSIDADES

U Pão D'Açúcre
Zé Fidélis

"A única vivida qui póde ser chamada de fina
é u chôpe, purque é a única qui usa cularinho!"
Antarctica

Logo au chigar lá nu Rio,
Comu todo vom turista,
Fui bêre u tal Pâo D'Açúcre,
Qui já di longe si abista.

Andei a pé um vucado,
Prá chigáre ondi ele istaba,
U vichinho é mesmu grande.
É um pão qui não mais si acaba.

I prá tirar minha dúbida
Si é mesmu di açúcre u tale,
Chigãi-me prá pérto i dãi-lhe
Uma dentada infernále!

Papagaio! aquilo é duro!
É di pedra u raio du monte...
Arreventei cinco dentes,
Dois pibôtes i uma ponte!


Zé Fidélis (Gino Cortopassi) se apresentava como o "inimigo número um da tristeza", com seu humor ingênuo, que se apoiava seja nas paródias de músicas de sucesso, seja no "nonsense" de transmissões radiofônicas em que irradiava um enterro com a entonação e o ritmo de um locutor esportivo, seja nas "piadas de português" e outras imitações.

Desde sua estréia no programa "Cascatinha do Genaro", de João Batista de Almeida, na década de 30, Gino ganhou nova identidade que o tornaria conhecido graças ao rádio e, depois, ao disco durante três décadas: Zé Fidélis.


Um sucesso que o levaria a apresentações como "one-man-show" em palcos famosos como o do Cassino da Urca ou do antológico Quitandinha. Apesar de elogiado por Sérgio Rabello, Ari Toledo e Manézinho Araújo e de ser amigo de Osvaldo Molles e Lauro Borges, grandes nomes do humor nacional, o autor, nascido em 1910, terminou seus dias numa clínica de repouso em São Paulo.

Alguns de seus livros publicados: "História do mundo", "Binho, mulata e vacalhau", "Teatro maluco", Meningite aguda", "Lira arreventada", "Sarravulho", "Muito sangue e pouca areia", "Bérsos a Gasugênio", "A ópera pela tripa" e "Seleção Canalhinha", editada por Folco Masucci - São Paulo, 1968, pág. 100, de onde foi extraido os versos acima.

Vale também conferir o humor da irreverente dupla da PRK 30 - Lauro Borges e Castro Barbosa...

Confira o Bem humorado do Luciano Pires
Este podcast foi ao ar ao vivo no dia 31 de agosto de 2007 na rádio Mundial em São Paulo. Um programa focado no bom humor, falando da importância do riso, até mesmo para manter a saúde. Um texto de Silvia Helena Cardoso trata sobre o poder do riso, enquanto alguns ouvintes participam ao vivo. A trilha sonora têm pérolas de Zé Fidélis, Manézinho Araújo, Mamonas Assassinas e Joelho de Porco. E a dupla Bê e Thovem apresenta uma maravilha: Armário Embutido, com direito a reprise...



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